terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Origem

Diga-me com quem andas e tirei quem és. Quantas vezes você já escutou esse famoso ditado? Incontáveis.

Eu sempre fui contra essa ideologia. Sempre acreditei que as pessoas em minha volta só me influenciariam caso eu estivesse fragilizado de alguma maneira. Sempre pensei que se eu fosse esperto ou malandro o suficiente, conseguiria tirar bons frutos de todas as plantações existentes, e os frutos podres eu descartaria. Sempre pensei assim.

Gosto de aprender tentando compreender os comportamentos das pessoas. Mas às vezes as pessoas me confundem mais do que esclarecem. Certas vezes tenho uma opinião no qual eu crio toda uma metodologia e filosofia a respeito e quando paro para refletir, eu sou a grande exceção da minha tese. Nessas horas eu recorro a meus amigos que dedicaram suas vidas a tentar esclarecer essas dúvidas. Nesse caso eu fui ter uma prosa com Sócrates, Thomas Hobbes e Rousseau. Opiniões contrárias, mas que se complementam. E eu, pobre mortal observava atento a cada palavra difamada e apenas complementava o pensamento com os dados que só a modernidade me permite.

Nesse debate sobre influencias, o ponto em questão era: nascemos maus ou nos tornamos maus? Muitos outros assuntos são envolvidos nessa discussão, mas esse era o ponto chave.

Sócrates veio com um papinho que até tinha uma lógica, mas não consegui lhe dar todo crédito. Ele falava que a maldade vem da ignorância. Tentava nos explicar com toda sua intensidade que o conhecimento, a luz e o esclarecimento necessariamente nos conduzirão a virtude. E qualquer “caída” para o lado negro da força ou será por falta de conhecimento ou por uma interpretação errônea de valores.

Nessa mesma hora Hobbes cortou toda explicação de Sócrates, sem dar tempo de comentarmos sobre sua indelicadeza dominada por sua sede de nos converter em lobos. Hobbes praticamente cuspia as palavras, tamanha empolgação em desenvolver as idéias. Ele nos conduzia a uma linha de pensamento que o homem por si só tende ao egoísmo, que as nossas necessidades como ser humano, como ser animal, nos leva a instintos que podem ser interpretados como mal. E por isso a criação do Estado Civil foi algo inevitável, pois o Estado foi criado para podar o limites do eu e expandir o coletivo.

Quando ele terminou de falar, Sócrates ainda tentava pensar em alguma maneira para rebater essa teoria, mas foi quando Rousseau pediu a palavra e, com aquele ar de superioridade que só os franceses conseguem fazer, foi defender teu ponto de vista. O francesinho de nariz empinado defendia que o homem não nascia mal, porém não existia a possibilidade de viver em comunidade, viver em sociedade sem se tornar mal. Essa possibilidade para ele era simplesmente nula. As necessidades do ser humano eram incompatíveis com as necessidades da sociedade. Ou seja, a sociedade corrompe o homem. Ele dizia que era impossível uma criança nascer mal, ela é corrompida pela sociedade (família, amigos, trabalho, televisão, jornais, escola...) que tira e priva a liberdade do “eu” individual.

Foi neste ponto que eu tive que intervir. Meio sem jeito de querer opinar no meio de uma discussão tão high level, e a cada palavra eu pensava 30 vezes para não ser ignorado ao falar uma besteira. Esses caras eram pensadores com um nível de percepção inimagináveis, mas eles estavam tão fechados aos seus respectivos estudos que esqueciam do mundo, e esqueciam dos avanços da ciência. Fui obrigado a informá-los que a neurociência já tinha provado (só falei porque não era uma tese, era algo provado por A+B) que certas pessoas nascem com uma predisposição para o mal. Mas essa tendência obviamente pode ser apagada, controlada ou potencializada pela sociedade de Rousseau. Esse distúrbio de personalidade (nome técnico dessa propensão para o mal) na verdade é uma predisposição a ser influenciado por aspectos externos mais que por suas próprias vontades.

Então voltamos ao ponto de origem, o ditado (diga-me com quem andas que te direi que és) é verdadeiro ou não? Bom, pode ser que sim e pode ser que não. A sociedade sempre vai tentar explorar o teu lado mais podre, mas se você vai permitir essa abertura depende de você. Só que esse “você” depende do seu eu e de sua predisposição celular. Simples assim... NOT

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